Pesquisa mostra como o clã Bolsonaro reabilitou o governo e tirou Lula das cordas em 2025

Uma virada de chave. Assim pode ser definido para Lula e o governo o ano que termina. O petista começou 2025 pressionado pelo avanço de sua rejeição nas pesquisas e pela desconexão com a sociedade tanto no discurso quanto nas ações do governo.
Marqueteiro da campanha petista em 2022, Sidônio Palmeira foi nomeado ministro para tentar estancar a crise. Eram outros tempos. A batalha nas redes sociais castigava o governo, já pressionado pela falta de apoio no Congresso e pela popularidade da direita em sua cruzada contra o STF e a esquerda.
Agora mais candidato do que nunca, Lula discursava dizendo que poderia não disputar a reeleição, caso não tivesse programa ou condições de saúde. Era, como muitos atestavam no governo, uma forma de o petista manter uma saída honrosa, caso seu mandato seguisse em crise.
A virada de chave petista se deu em julho, quando os filhos de Jair Bolsonaro cavaram sua prisão antecipada, ao desrespeitar medidas impostas por Alexandre de Moraes. Principal nome da oposição, Bolsonaro saiu de cena, deixando as redes e o embate diário com o governo.
Nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro assumiu a batalha digital cavando uma crise histórica entre Brasil e Estados Unidos. Com as sanções anunciadas pelo governo de Donald Trump contra ministros do STF e o tarifaço que puniu todo o setor produtivo brasileiro, Lula, então sem rumo e sem discurso, ganhou a grande oportunidade de virar o jogo. E aproveitou.
Liderando uma campanha nacional em defesa da soberania brasileira, buscou reverter tarifas contra o país enquanto defendia a democracia de uma interferência internacional sem fundamento. Nas redes, as coisas também mudaram, como mostra o estudo da Ativaweb.
Se no primeiro semestre, o petista sofreu — perdendo muitos seguidores nas redes — com erros na economia, como a polêmica sobre o Pix, a aposta no aumento de impostos para sustentar a gastança estatal e a crise do IOF, no segundo semestre, a retomada veio com o protagonismo internacional, o reposicionamento do Brasil no jogo global e a luta em defesa da soberania resgataram Lula do atoleiro.
“A virada ocorre a partir do final de agosto de 2025, quando o governo passa a operar de forma mais clara em torno de três eixos: soberania nacional, protagonismo internacional e reposicionamento do Brasil no mundo. Crises externas e tentativas de pressão internacional não enfraqueceram a imagem de Lula. Pelo contrário, funcionaram como gatilho emocional positivo, reforçando a ideia de um presidente que defende o Brasil no cenário global”, diz o estudo.
Nas redes, a crise cavada por Eduardo Bolsonaro levou Lula a um aumento de menções positivas, ampliação do alcance fora das bolhas ideológicas e crescimento consistente de seguidores em todas as plataformas.
“A circulação simbólica de Lula nos corredores da ONU, incluindo o encontro com Donald Trump, foi decisiva para a virada de imagem. A frase que viralizou ‘teve química’ — ajudou a humanizar a diplomacia e desmontar narrativas de isolamento”, diz o estudo.
A Ativaweb consolidou a evolução das redes sociais do presidente:
Instagram: +800.000 seguidores
Facebook: +200.000 seguidores
X: +500.000 seguidores
TikTok: +800.000 seguidores
YouTube: +100.000 inscritos
Ao final de 2025, a imagem digital de Lula apresenta, segundo o estudo, “sentimento majoritariamente positivo ou neutro, crescimento líquido de seguidores, liderança clara no campo progressista, reconhecimento internacional reforçado e narrativa de soberania consolidada”.
As tentativas de desgaste não desapareceram, mas perderam capacidade de mobilização. “2025 não foi o ano da crise do governo Lula. Foi o ano da reconstrução da sua imagem digital”, diz Alek Maracajá, da Ativaweb.
O estudo foca nas redes do petista, mas o caminho, ainda que mais tranquilo do que no passado, está longe de ser confortável ao petismo. O ano que começa será marcado pela sequência de investigações e possíveis descobertas de escândalos contra figuras próximas ao presidente Lula. A corrupção tornou-se novamente uma preocupação dos eleitores. O jogo, como se vê, segue imprevisível.
