Economia global desacelera em 2025 sob efeito de tarifas, incerteza geopolítica e custos

Economia global desacelera em 2025 sob efeito de tarifas, incerteza geopolítica e custos

ndicadores de atividade apontam perda de fôlego nos Estados Unidos, Europa e Ásia, enquanto pressões comerciais associadas a tarifas elevadas começam a se espalhar da indústria para o setor de serviços

A atividade econômica global continuou em expansão nos últimos meses de 2025, mas em ritmo mais lento, segundo levantamentos divulgados nesta semana por institutos privados. O arrefecimento é atribuído ao aumento das barreiras comerciais, à incerteza nas relações entre grandes potências e à pressão crescente de custos sobre empresas, especialmente nos Estados Unidos.

Nos EUA, o índice composto de gerentes de compras, que reúne dados da indústria e dos serviços, recuou para 53,0 em dezembro, ante 54,2 em novembro, o menor nível em seis meses. Leituras acima de 50 indicam expansão, mas a queda sinaliza desaceleração. O indicador é elaborado pela S&P Global a partir de entrevistas com cerca de mil empresas.

Segundo a consultoria, o ambiente de negócios tem sido afetado diretamente pelo aumento de tarifas anunciado pelo presidente Donald Trump ao longo do ano, em uma retomada da agenda protecionista que marcou seu primeiro mandato. O índice de custos de insumos subiu no ritmo mais acelerado desde novembro de 2022, refletindo o encarecimento de matérias-primas e componentes importados.

Para a S&P Global, o impacto inicial das tarifas, concentrado na indústria, começa agora a atingir o setor de serviços, ampliando o problema de preços para consumidores e empresas. Analistas apontam que esse efeito em cadeia tende a dificultar o controle da inflação em economias avançadas, mesmo em um contexto de crescimento mais fraco.

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O mercado de trabalho americano também deu sinais de perda de dinamismo. As pesquisas indicam que a criação de vagas no setor de serviços esteve próxima da estagnação em dezembro. Dados oficiais divulgados com atraso mostraram que a taxa de desemprego subiu para 4,6% em novembro, o nível mais alto em mais de quatro anos.

Na semana passada, o Federal Reserve reduziu a taxa básica de juros pela terceira reunião consecutiva, mas sinalizou que novos cortes dependerão de evidências mais claras de deterioração do mercado de trabalho. A postura cautelosa reflete o dilema entre sustentar a atividade e conter pressões inflacionárias reavivadas por choques comerciais.

A desaceleração não se restringe aos Estados Unidos. Indicadores semelhantes apontaram perda de fôlego na zona do euro, no Japão, na Austrália e na Índia. Embora a economia indiana siga liderando entre os grandes emergentes, o crescimento registrado em dezembro foi o mais fraco em dez meses, sugerindo impacto indireto da menor demanda global.

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Na zona do euro, o índice composto caiu de 52,8 para 51,9 em dezembro. Economistas atribuem o desempenho mais fraco a uma contração leve da indústria e à desaceleração dos serviços. A Alemanha, maior economia do bloco, voltou a registrar queda na atividade manufatureira, enquanto a França apresentou recuperação apenas modesta.

Os dados antecedem reunião do Banco Central Europeu, que deve manter os juros inalterados. Embora autoridades tenham indicado recentemente que a economia do bloco estaria em uma posição confortável para crescer em 2026, os números reforçam os riscos associados à fragilidade industrial e à dependência das exportações em um cenário de comércio global mais restritivo.

O Reino Unido destoou parcialmente do quadro, com alta do índice de atividade, impulsionada pela dissipação de incertezas fiscais após a apresentação do orçamento do novo governo. Analistas, no entanto, alertam que o país permanece vulnerável a choques externos, sobretudo se o protecionismo se intensificar.

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Apesar do enfraquecimento recente, organismos multilaterais ainda veem sinais de resiliência. A OCDE afirmou que os dados disponíveis indicam aceleração do crescimento trimestral do G20 para 0,8% no período encerrado em setembro, ante 0,7% no trimestre anterior. O cálculo, porém, não inclui os Estados Unidos, que ainda não divulgaram o dado oficial em razão da paralisação parcial do governo.

Economistas ouvidos por instituições financeiras avaliam que 2026 começa sob um cenário mais incerto, marcado por menor previsibilidade comercial, política monetária cautelosa e crescimento desigual entre regiões. O risco, dizem, é que a combinação de tarifas elevadas e demanda enfraquecida prolongue um ciclo de expansão morna, com efeitos persistentes sobre emprego e renda.

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