‘Catástrofe humanitária’, diz Lula sobre possível intervenção dos Estados Unidos na Venezuela

Em discurso na abertura da Cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu, o presidente Lula (PT) alertou que uma intervenção armada dos Estados Unidos na Venezuela seria uma “catástrofe humanitária” e um “precedente perigoso para o mundo”. “As verdadeiras ameaças à nossa soberania se apresentam hoje na forma da guerra, das forças antidemocráticas e do crime organizado”, disse. Ele também criticou a presença militar de uma “potência extrarregional” no continente, em referência indireta aos Estados Unidos.
A declaração ocorre em meio à crescente tensão entre os governos de Nicolás Maduro e Donald Trump, com Washington mantendo um aparato militar no Caribe desde agosto, justificado inicialmente como parte do combate ao narcotráfico. “Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo”, afirmou o presidente.
Na última quinta-feira, 18, pelo menos oito aeronaves militares dos Estados Unidos sobrevoaram áreas do Caribe próximas à costa da Venezuela, chegando a poucos quilômetros de Caracas. A esquadra, detectada por plataformas de monitoramento, incluiu caças, jatos de guerra eletrônica e aviões de alerta antecipado e vigilância partindo de bases na região e dos EUA. Os voos ocorreram perto de áreas sensíveis, como a ilha de La Orchila, uma possível base do governo Maduro, em clara demonstração de força durante um momento de forte deterioração nas relações com Washington.
Esta movimentação aérea coincide com uma nova escalada nas tensões. Em resposta ao bloqueio naval total decretado por Donald Trump a petroleiros sancionados, Nicolás Maduro ordenou que embarcações venezuelanas passem a navegar sob escolta militar. Paralelamente, a Venezuela autorizou a saída de grandes petroleiros com destino à China, seu principal comprador, buscando sustentar o fluxo de exportações de petróleo diante das sanções. A situação eleva o risco de incidentes militares na região e tem levado a críticas internacionais, com a China classificando as medidas americanas como intimidação unilateral.
Na última sexta-feira, 19, Trump declarou em entrevista a NBC News que considera a possibilidade de uma guerra contra a Venezuela. “Não descarto essa possibilidade, não”, disse, quando perguntado sobre um conflito direto. Trump evitou esclarecer se seu objetivo final era a deposição de Maduro. “Ele sabe exatamente o que eu quero, sabe melhor do que ninguém”, afirmou.
