Investigada por fraude contra os aposentados, Contag renova assento em conselho do governo

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos, nomeou os novos membros do Conselho de Participação Social, instância do governo encarregada de manter a interlocução com organizações da sociedade civil e movimentos populares para a elaboração de políticas públicas.
Um dos contemplados com assento no conselho pelos próximos dois anos é a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), entidade investigada por envolvimento no escândalo das aposentadorias.
Entre 2019 e 2024, a Confederação descontou cerca de 2 bilhões de reais das pensões dos aposentados do INSS, grande parte sem o conhecimento e sem a autorização dos idosos, segundo a Polícia Federal. A entidade já tinha assento no conselho.
Contag amplia sua influência no governo Lula
Desde que foi flagrada na fraude do INSS, a Contag, ao contrário do que se poderia supor, ampliou sua influência no governo. Em maio, o presidente Lula deu à entidade uma cadeira no Conselho Nacional de Segurança Alimentar, o Consea.
Em agosto, apesar do avanço das investigações, a Contag também garantiu lugar no Conselho Nacional de Direitos da Pessoa Idosa. Além disso, a entidade ainda foi convidada para participar da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30).
Aliada histórica do PT, a Confederação ainda conquistou outra vitória junto ao governo Lula. A pedido da entidade, o presidente da República assinou decreto prorrogando por quatro anos o prazo para exigência do georreferenciamento de imóveis rurais de até 25 hectares.
O ministro Guilherme Boulos também garantiu uma vaga no Conselho de Participação Social para o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), entidade que ele ajudou a criar, conhecida por invadir e ocupar imóveis urbanos.
Boulos também assegurou a renovação de assento no mesmo conselho para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), apesar dos constrangimentos que a entidade provoca, inclusive ao próprio governo, com as invasões de imóveis rurais.
