Em giro de 180 graus, Zelensky se diz pronto para eleições sob pressão dos EUA por acordo

Em giro de 180 graus, Zelensky se diz pronto para eleições sob pressão dos EUA por acordo

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira, 9, que está pronto para realizar eleições no país mesmo sob lei marcial, algo que havia se recusado a fazer antes. Sob pressão dos Estados Unidos para aceitar um acordo de paz com a Rússia, ele disse ter solicitado ao Parlamento sugestões de mudanças nos fundamentos legais e na legislação eleitoral para permitir a votação durante a guerra.

Sem o decreto de emergência, a eleição presidencial teria ocorrido em março de 2024. O presidente americano, Donald Trump, chegou a chamar Zelensky de “ditador” no início deste ano por ter ultrapassado o período regular do mandato. Eleições são uma das exigências para encerrar a guerra por parte de Moscou, que almeja ver na Ucrânia um governo mais favorável ao Kremlin.

A declaração do líder ucraniano veio após novas críticas de Trump. Em entrevista ao portal de notícias Politico, o presidente americano acusou Kiev de usar o conflito com a Rússia como pretexto para adiar o pleito e voltou a pressionar Zelensky a aceitar concessões no processo de paz. “Eles estão usando a guerra para não realizar eleições”, afirmou Trump. “Falam de democracia, mas chega um ponto em que já não é democracia.”

O republicano também disse que Zelensky deveria “se mexer” e “aceitar as coisas”, ao defender que a Rússia, por ser maior e mais forte, teria vantagem militar. Ele ainda acusou o presidente ucraniano de não ter lido a versão atualizada do plano de paz mediado pelos EUA.

Zelensky rebateu anunciando que irá concluir na quarta-feira, 10, uma revisão do documento apresentado por Washington no último fim de semana. “Estamos trabalhando hoje e continuaremos amanhã. Acho que entregaremos amanhã”, disse.

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O principal impasse segue sendo a questão do território. Moscou exige que a Ucrânia se retire integralmente das quatro províncias que declarou anexadas em 2022 — inclusive áreas ainda não dominadas pelos russos. Kiev, respaldada por seus aliados europeus, defende congelar a linha de frente atual como ponto de partida para uma primeira fase das negociações.

Nos últimos dias, Zelensky tem buscado apoio europeu antes de apresentar a nova versão aos americanos. Na segunda-feira, esteve em Londres com o premiê britânico, Keir Starmer, o chanceler alemão, Friedrich Merz, e o presidente francês, Emmanuel Macron. Nesta terça, seguiu para Roma, onde se encontrou com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e com o papa Leão XIV.

Segundo Zelensky, o plano do governo Trump foi reduzido de 28 para 20 pontos após as conversas na Flórida entre as delegações ucraniana e americana. Ele disse que a concessão de território e as garantias internacionais de segurança permanecem como os principais pontos de disputa. “Não temos direito legal ou moral de ceder territórios”, afirmou ele, lembrando que a Constituição da Ucrânia impede a medida. “E ainda não recebemos respostas sobre o que nossos parceiros farão diante de uma nova agressão russa.”

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